"Quem despreza a pregação despreza a Deus, porque Ele não fala por novas revelações do céu, mas pela voz de seus ministros, a quem confiou a pregação da sua Palavra". J. Calvino


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segunda-feira, 28 de junho de 2010

A Incostância dos "constantes"



    "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão"   1 Co. 15.58

Um dos maiores problemas que cercam a igreja do Senhor em nosso tempo é o que conheço como "superficialidade". Não foi atoa que o apóstolo Paulo por meio da revelação de Deus chamou a atenção da igreja de Corinto. Uma igreja rica, que possuia todos os dons espirituais, localizada em um dos principais pólos de comércio, inserida em uma cultura muito diversificada, com bastante capacidade de crescimento e expansão, mas que chegou um período em que preciso foi receber de Deus um puxão de orelha, uma exortação e ao mesmo tempo um incentivo para o desenvolvimento espiritual, o cultivo da vida cristã baseada nas páginas da santa bíblia, o retorno as obrigações do cotidiano local com ênfase pricipal  na responsabilidade individual de cada membro daquela comunidade.

Inconstâcia é algo que todos nós já experimentamos em nossa vida. Mas positivamente passo a refletir e concluir que, muitos têm-se deixado levar por este mal. A vida cristã é cercada de incentivos vindos da parte de Deus, temos o auxílio do Espírito Santo como nosso ajudador e consolador, mas mesmo assim, para muitos, parece que é difícil pensar de forma conclusiva que se não agirmos conforme Deus nos instrui, de fato, não temos condições de desfrutarmos de sua bondade e  misericórdia.
    
As circunstâncias de nosso tempo muitas vezes tem ditado o rítmo do nosso serviço à Deus. Muitas são as desculpas, como por exemplo: meu tempo é curto; trabalho demais; tenho casa, filhos para cuidar; faculdade; cursinho, etc. O resultado disso tudo é uma vida cristã pobre devido ao afastamento da comunidade, um esfriamento espirital muitas vezes irreversível.

O que acontece com um grupo de pessoas que não se interessa, não se importa com sua saúde e bem-estar espiritual? Para darmos essa resposta não é preciso queimar muito os neurônios. Basta darmos uma olhada à nossa volta e logo perceberemos a realidade dos fatos: cristãos vulneráveis à crises e tensões da vida moderna.

A maior vitória que graciosamente nos foi dada pelo nosso Deus, foi a salvação de nossas almas, que tão bondosamente nos resgatou da morte eterna (Ef.2.8-9), nos autorizando a entrada nos tabernáculos eternos.

Firmeza e constância é o que Deus requer de nós no que se refere ao seu serviço. Todas as nossas ações e labutas no reino de Deus, por menores que sejam, tem um valor inestimável para Deus, desde que sejam feitas com amor, dedicação, zelo, compreensão, espírito voluntário, servindo com liberalidade e paixão. O grande e absoluto segredo é termos a certeza de que, se estivermos fazendo para o Senhor, estamos no caminho certo e sob a motivação do seu Santo Espírito (Ef.5.19).

Portanto, nunca é tarde para dar meia volta em direção à voz de Deus. Escute sua voz por meio da Palavra. Ouça e sinta o mover do seu Espírito. Deus nos chama a responsabilidade como despenseiros que somos, à retomarmos nossa posição em suas trincheiras, não abrindo mão de pricípios que consideramos extremamente fundamentais e imprescindíveis para um viver santo, irrepreensível, e acima de tudo, agradável à Ele. 

Neste momento, estou ouvindo a bela música do Grupo Logos: Mão no Arado, sei que você a conhece. E quem não a conhece? A parábola que a musica se refere ilustra muito bem o que até aqui tenho exposto para nossa reflexão. Como disse o famoso pregador congregacional  Jonatan Edwards : "Luz na cabeça e fogo no coração", quando referia-se ao exercício da vida cristã e da fidelidade a Deus em fazer evidenciar a vocação daqueles que por ELE foram chamados para viverem de acordo com as premissas e bem-aventuranças do reino de Deus. No reino de Deus não existe grande ou pequeno, preto ou branco, rico ou pobre, todos fazemos parte daquela grande multidão descrita pelo apóstolo João em Apocalípse, multidão esta que brevemente habitará à nova morada celestial (Jo.14).


     Que Deus em Cristo nos bençõe.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A bem-aventurança dos que choram: o consolo.



Jesus observando as multidões disse:   
"Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados" Mt 5.4. 
   Que espécie de tristeza é essa que pode produzir a alegria da bênção de Cristo naqueles que a sentem?  Analisando o contexto está claro que aqueles que receberam a promessa do consolo não são, em primeiro lugar, os que choram a perda de uma pessoa querida, mas aqueles que choram a perda de sua inocência, de sua justiça, de seu respeito próprio, ou como chamamos na teologia reformada, aquele que reconhece que é penitente (pecador). Cristo não se refere à tristeza do luto, mas à do arrependimento.                                                                                             Este é o segundo estágio da bênção. Uma coisa é ser espiritualmente pobre e reconhecê-lo; outra é entristecer-se e chorar por causa disto. Confissão é uma coisa, contrição é outra. 
   Precisamos notar que a vida cristã, de acordo com Jesus, não é só de alegria e de risos. Há cristãos que parecem imaginar, especialmente se estão cheios do Espírito Santo, que devem exibir um sorriso perpétuo no rosto e viver continuamente exuberantes e borbulhantes. Que atitude antibíblica! A verdade é que existem lágrimas cristãs, mas são poucos os que as vertem.  
   Jesus chorou pelos pecados de outros, pelas amargas consequencias que trariam no juízo e na morte, e pela cidade impenitente que não o receberia. Nós também deveríamos chorar mais pela maldade do mundo, como os homens piedosos dos tempos bíblicos. 
   Mas não são apenas os pecados dos outros que deveriam nos levar às lágrimas, pois temos os nossos próprios pecados para chorar. Homens brilhantes da história bíblica, como os salmistas, Ezequiel, Paulo também passaram por problemas e momentos, tanto pessoais como coletivos. Ou será que eles nunca se entriteceram? Será que Thomas Cranmer exagerou quando, num culto comemorativo  a ceia do Senhor, em 1662, colocou nos lábios das pessoas da igreja as palavras :"Reconhecemos e lamentamos nossos múltiplos pecados e maldades"? Será que Paulo errou quando disse : "Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?. Penso que não. Temo que os cristãos evangélicos, exagerando a graça, às vezes fazem pouco do pecado por causa disso. Não existe suficiente tristeza por causa do pecado entre nós.  David Brainerd, missionário entre os índios americanos escreveu em seu diário, em 18 de outubro de 1740, as seguinets palavras: " Em minhas devoções matinais minha alma desfez-se em lágrimas, e chorou amargamente por causa da minha extrema maldade e vileza". Lágrimas como estas são a água santa que se diz Deus guardar em seu odre.
    Tais pessoas que choram, que lamentam a sua própria maldade, serão consoladas pelo único consolo que pode aliviar o seu desespero, isto é, o perdão da graça de Deus. "O maior de todos os consolos é a absolvição anunciada sobre cada pecador contrito que chora". " Consolação" de acordo com os profetas do Velho Testamento, seria uma das missões do Messias. Ele seria o "Consolador" que curaria "os quebrantados de coração". Por isso, homens piedosos como Simeão esperavam ansiosos " a consolação de Israel"(Lc 2.25). E Cristo derrama óleo sobre nossas feridas e concede paz às nossas consciências magoadas e marcadas. Mas ainda choramos pela devastação do sofrimento e da morte que o pecado alastra pelo mundo inteiro! Só no estado final de glória o consolo de Cristo será completo, pois só então o pecado não existirá mais e "Deus lhes enxugará dos olhos toda  lágrima"(Ap 7.17).
    Um exemplo claro do reconhecimento do pecado(penitência) e da necessidade do arrependimento é a parábola do fariseu e do publicano em Lucas 18.9-14, onde o fariseu arrogante e presunçoso ignora o seu pecado e o publicano conscientemente não ousa aproximar-se daquele que é justo e santo, Deus, mas bate no peito e diz apenas poucas palavras: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!
    Sensacionalismo, emocionalismo, unção do riso, arrepio santo, e tantas outras fórmulas e artimanhas que tem surgido por aí, não são e nunca foram sinais da presença do Espírito Santo de Deus na vida dos seus servos.


Á Deus toda glória. Amém.

(parte do texto extraído dos escritos de J. Sttot)


Por Presb. Ronicleudo




domingo, 6 de junho de 2010

A Escassez de Alimento ( 1 Pe 5.2a)

  Pesquisas recentes nos informam que aproximadamente 963 milhões de pessoas continuam a ter fome ou a passar graves carências alimentares, o que representa uma "grave crise alimentar" que tende a se agravar e para a qual é necessário um esforço global. Quando pensamos em fome, o que nos vêm a mente a princípio é o continente africano, embora existam países que tem seu potencial financeiro, como é o caso daqueles que extraem petróleo em escala suficiente para sua sustentabilidade econômica. Mas fome não existe apenas por lá, em outras partes do mundo(América, Ásia, Europa...) também constata-se essa desigualdade econômica-social, onde muitos desperdiçam e outros são totalmente desprovidos.
    A minha humilde reflexão e questionamentos não se limita especificamente apenas nesse contexto de provisão alimentar. Quero direcionar meus rabiscos à questões que , particularmente, considero importantíssimo para a reflexão dentro da comunidade cristã.  
    Analisando o texto ao qual faço referência(1 Pe 5.2a), não é muito diferente em nossos dias  testemunharmos fatos de natureza grave e preoculpante, fatos estes que são corriqueiros no meio da igreja do Senhor Jesus, que merece uma atenção especial ed nossa parte. A admoestação do apóstolo Pedro para aqueles presbíteros que cuidavam do rebanho de Deus era para que exercessem o ministério com altruísmo e diligência, cumprindo com a responsabilidade que lhes havia sido confiada.
    Temos total consciência que cuidar do rebanho de Deus não é tarefa tão fácil como alguns ou, ainda, muitos pensam. Cuidar individualmente de cada um, zelar pela vida espiritual do conjunto, torna-se muitas vezes difícil mas não é impossível, desde que se reconheça o chamado e vocação para tal função no reino de Deus. 
    Contudo, o que nos causa maior indignação, desconforto e desapontamento, é o fato de que certos pastores e líderes e ainda aqueles que com certa arogância e prepotência se auto denominam" ministros", o que de fato podem até ser, é saber que muitos  não estão exercendo o seu ofício de forma exemplar e piedosa como o texto citado acima nos revela e nos admoesta. Pastorear o rebanho de Deus é diuturnamente fazê-lo por vontade livre e espontânea.
    Encontramos rebanhos totalmente famintos, não do alimento sólido, mas principalmente daquele que gera vida, nutre, vitaliza, dar força ao cansado, edifica, e fortalece o espírito do cristão, ou seja, a Escritura Sagrada. Daí, surge-nos uma indagação: "Onde estão aqueles que tem a responsabilidade de alimantar o rebanho de Deus, ou, o que estão fazendo? A resposta encontramos à nossa volta e bem diante de nós. Muitas ovelhas do aprisco do Senhor estão morrendo em suas casas, não por falta de vontade de ir à igreja ou por serem rebeldes, mas porque não são assitidas suficientemente. Muitos líderes  querem apenas que as ovelhas façam sacrifícios muitas vezes impossíveis, enquanto eles, nenhum. Têm-se zelo por tudo, encontra-se tempo pra tudo, menos para o rebanho de Deus, que é a causa principal da existência daqueles que são separados por Deus para guardar seus servos : os pastores.
     Muitos tem visto no ministério uma  saída para o desemprego, uma profissão, um jeito mais fácil de se ganhar dinheiro com mais facilidade sem grande esforço. Para estes a premissa é: "Quanto mais gente, mais dinheiro". O que encontramos em muitos é displicência, omissão, preguiçosos no que diz respeito ao esmero do estudo da bíblia para ter o que ensinar, visão de que a recompensa maior não a princípio aquele gordo e bom salário no fim do mês, mas em ver um povo espiritualmente sadio, satisfeito com Deus, reluzindo a glória de Cristo em seus rostos, ver pecadores arrependidos de seus pecados e sendo enxertados na videira verdadeira, famílias restauradas, casamentos consolidados, filhos obediêntes, pais conscientes, departamentos progredindo para a glória de Deus, cultos animados pela presença gloriosa do Espírito Santo,etc. Mas para que isso aconteça, é preciso que exerçam com fidelidade o ministério, alimentando o rebanho de Deus com a Palavra que edifica vidas, promove mudanças e estimula a santificação e obediência, só assim teremos pessoas com pés e joelhos espiritualmente fortes e saudáveis.
    Termino dizendo que o rebanho precisa de alimento, cuidado, remédio, proteção, direção e conselho. E onde encontramos tudo isso? Na Palavra de Deus, sem ela o povo fica vulnerável à desvios e afastamentos. Igrejas sadias são frutos de púlpitos muito bem usados.


À Deus toda glória. Amém.


Por Presbítero Ronicleudo

E-mail pbroni88@gmail.com.